O que são Doenças Inflamatórias Intestinais (DIIs) e qual a relação com o câncer colorretal?
- ctocomunicacaointe
- 2 de mai.
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A colite ulcerativa, que inflama a mucosa intestinal, e a doença de Crohn, que pode atingir qualquer parte do trato gastrointestinal, estão entre as principais Doenças Inflamatórias Intestinais e ambas podem aumentar o risco para desenvolvimento do câncer colorretal.

As Doenças Inflamatórias Intestinais, conhecidas pela sigla DIIs, referem-se, principalmente, a duas patologias que causam inflamação crônica no trato gastrointestinal. São elas: a colite ulcerativa e a doença de Crohn. E antes de falar sobre a relação com o câncer colorretal, vamos entender melhor o que são essas doenças inflamatórias.
A doença de Crohn pode acometer qualquer parte do trato gastrointestinal, no entanto, é mais comum no colón e no íleo (parte final do intestino delgado). Também pode afetar qualquer camada dos intestinos, tendo como consequência o desenvolvimento de úlceras, estreitamento ou fístulas intestinais.
Já a colite ulcerativa consiste na inflamação da mucosa intestinal, resultando em sangramento, úlceras e perda de eletrólitos (minerais importantes para o bom funcionamento de nosso organismo). A doença pode ter início no reto e evoluir para o colón.
As causas das DIIs ainda não estão completamente determinadas. Mas observa-se maior número de casos em pessoas com histórico familiar dessas doenças, o que leva a crer na possibilidade de uma predisposição genética.
As Doenças Inflamatórias Intestinais podem predispor o desenvolvimento do câncer colorretal?
Sim, pacientes com DIIs apresentam risco aumentado para câncer colorretal, principalmente se for um quadro crônico. Isso acontece porque a inflamação do trato gastrointestinal pode promover modificações na microbiota intestinal, alterando o equilibro natural das bactérias intestinais.
Esse processo pode agravar a resposta inflamatória e interferir no sistema imunológico, um cenário propício ao desenvolvimento anormal de células que geram lesões que podem se transformar em um câncer. Somado a isso, a inflamação prolongada compromete a barreira epitelial do intestino, permitindo a liberação de toxinas e outras substâncias cancerígenas. Portanto é fundamental estar alerta ao risco de câncer colorretal em pacientes em tratamento de DIIs por meio de uma estratégia de vigilância.
E como acontece essa vigilância?
A estratégia de vigilância do risco de câncer colorretal acontece paralelamente ao tratamento das DIIs e pode incluir a realização de biópsias e monitoramento das lesões por meio do exame de colonoscopia. Com ele é possível detectar precocemente alterações pré-malignas e intervir antes que elas evoluam para um câncer colorretal.
Também faz parte dessa vigilância, orientar o paciente sobre a mudanças no estilo de vida, com o objetivo de reduzir o risco desse tipo de câncer. Nesse aspecto, hábitos alimentares saudáveis aliados à atividade física regular são essenciais. Igualmente importante é não ser adepto do tabagismo e do consumo excessivo de álcool.
É preciso ficar atento aos sinais
Assim como acontece com o câncer, nas DIIs quanto antes for feito o diagnóstico e começar o tratamento, melhor. Portanto, é importante conhecer os principais sintomas dessas doenças. Embora, eles possam variar de acordo com o tipo de DIIs, podemos destacar:
· Diarreia, que pode ter sangue ou muco.
· Incontinência fecal, especialmente à noite.
· Sangramento no reto.
· Dor abdominal.
· Prisão de ventre ou sensação de evacuação incompleta.
· Náuseas e/ou vômitos.
Apesar de Crohn e colite ulcerativa não serem a mesma doença, alguns sintomas podem ser semelhantes. Para confirmar o diagnóstico, o médico avalia os sintomas, histórico de saúde individual e familiar em relação a doença de Crohn ou retocolite ulcerativa. Também solicita exames, entre eles, colonoscopia, endoscopia digestiva alta e biópsia para identificar o tipo de doença inflamatória intestinal. Outros exames possíveis são: sangue, fezes, raio X, tomografia computadorizada ou ressonância magnética.
O tratamento é individualizado
O tratamento de DIIs varia de acordo com cada paciente, o tipo de doença e a gravidade dos sintomas. Entre as alternativas de tratamento estão a utilização de medicamentos, como anti-inflamatórios, corticoides, imunossupressores, anticorpos monoclonais, antibióticos para diminuir a inflamação do intestino e a resposta do sistema imunológico, além de antidiarreicos, suplementos vitamínicos ou analgésicos.
Muito importante é adotar uma dieta anti-inflamatória, livre de gorduras saturadas, açúcar e gordura trans. O ideal é seguir um plano alimentar elaborado por nutricionista e personalizado para cada paciente e tipo de doença. Há casos em que o paciente precisa se submeter a uma dieta enteral (paciente recebe nutrientes por meio de sonda ligada ao estomago ou intestino) ou parenteral (recebe nutriente diretamente no sangue), realizadas com internação em hospital.
Caso o tratamento medicamentoso aliado à dieta não tenha os resultados esperados, a cirurgia pode ser uma alternativa. O procedimento cirúrgico pode ser realizado para retirar a parte afetada ou todo o intestino e/ou reto, fechar fistulas, desobstruir o intestino ou drenar abscessos.